
O Eu e o Tu, 1967
Como transpor seu gênero? Como entrar na pele de um outro? Sentir o que o outro sente? Como ele se sente?
"Em O Eu e o Tu (1967), um homem e uma mulher vestidos em trajes que encobrem os corpos e usando capacetes que não permitem a visão, abrindo zíperes, entregando-se a mútua exploração" - Milliet, Maria Alice.Lygia Clark: Obra Trajeto. São Paulo, Edusp, 1992.Pp.111.
A artista extrapola as fronteiras da arte rumo a plena experimentação da existência humana, ao auto-conhecimento mediado por uma proposta que quando aceita faz com que o participante se dispa de pudores e preconceitos. Segundo o crítico Paulo Herkenhoff em citação encontrada no site do Itaúcultural:
"Clark avança para ultrapassar a importância do objeto. O artista não é o que apresenta o objeto, mas o que propõe a experiência, como em
Caminhando. A relação clara é entre o artista e o Outro. Em paralelo, Oiticica fala da 'supressão definitiva da obra de arte'. Na constituição do corpo coletivo, Lygia Clark explora trocas num tecido de alteridades. Hélio Oiticica declara-se um não moderno. Finalmente, a atuação da artista, o Outro e os objetos relacionais são engajados numa ação terapêutica, ultrapassado o limite entre arte e vida. Não existe, nesta prática, qualquer possibilidade de ação no plano do sistema de arte, seja o museu, o mercado, a crítica ou a história. Lygia assume os extremos de seu projeto: declara-se não-artista. Sua relação de alteridade, através de sua atuação cultural, paulatinamente, se desloca da fruição do espectador e de sua atuação (como na teoria do não-objeto) para a compreensão do Outro como ser necessário e finalmente sujeito concreto".
- HERKENHOFF, Paulo. A aventura planar de Lygia Clark: de caracóis, escadas e caminhando. In: CLARK, Lygia. Lygia Clark. São Paulo: MAM, 1999. p. 7, 57.
( veja mais na página de críticas sobre a obra de Clark no site do Itaú Cultural)